terça-feira

CEM ANOS (Dez Anos)

Assim se passaram cem anos
Sem eu ver teu rosto
Sem olhar teus olhos
Sem beijar teus lábios assim
Sem lamber teu pescoço
Nem amassar teus seios
Só procurando tu
Das outras não vi nem a cor
Assim se passaram cem anos
sem ouvir tua voz
Sem ver teu avental todo sujo de ovo
Sem poder te mostrar meu carro novo
Sem sentir o teu perfume
Que exalava do teu sovaco depilado
Sem te pedir uma grana emprestada
Sem rosetar essa mulher safada
E sob a ducha então, só sabe Deus

quarta-feira

NICK BARRA (Nick Bar)

Pai falou assim ói, "Vem pro cinema!..." (aí eu ri, né)
Eu falei "Até dá, hein, tou cheiinho de amor" (aí ele riu né)
Depois foram coisas perdidas
que um eco ouviu mas calou

Pai falou assim ói "Vou ficar sentido..." (aí eu ri, né)
Falei "Fica não, é só ardor" (ai ele riu né)

domingo

ENCALHES (Detalhes)

Não adianta nem querer
Me expulsar
Durante muito tempo
Em sua casa
Eu vou morar...

Uma mala tão pesada
Como a minha
É coisa muito grande
Prá carregar
Que nessa hora
O melhor mesmo é dar
um tempo aqui...

Se um outro vagabundo
Aparecer na sua rua
E isto lhe trouxer
Saudades minhas
Não fique nua...

O ronco fedorento
Da minha moto
Minhas cuecas sujas
Ou coisa assim
Vão fazer logo logo você
Lembrar de mim...

Sei que um outro pilantra
Deve estar lambendo
o seu ouvido
Passando ali o dedo
Como eu passei
Mas eu duvido!
Duvido que você vá lhe
vender a foto
Em que aparece
com tua cara de sagüim
E nessa hora você vai botar
a culpa em mim...

A noite chegando da rua
você entra no seu quarto
Prá se aliviar você procura
O meu retrato
Mas da moldura é o Kid
Quem lhe sorri
Mas você vê a minha bengala
Mesmo assim
E aí de novo você vai
Botar a culpa em mim...

Se alguém roubar
um carro na sua rua
Não diga nada
Não vá dizer
À polícia sem querer
Que é viciada...

Querendo ser a tal
Nesse momento
Você despiroca
E zoa até o fim
Vai quebrar a cara e depois botar
A culpa em mim...

Eu sei que esse papo todo
Não vai servir mesmo prá nada
Eu vou ficar aqui em tua casa
na invernada
E se me chamar de encalhe
Faça um favor
Não seja tão ruim assim
Vá na geladeira
E traz uma geladinha
Aqui prá mim...

Não adianta nem tentar
Me aborrecer
Durante muito
Muito tempo em sua casa
Eu vou viver
Não, não adianta nem querer
Me despejar
Durante muito
Muito tempo em sua casa
Eu vou morar...

quinta-feira

TROLHA MORTA (Folha morta)

Sei que ganham de mim
Sei que roubam de mim, oh! Zé
Será que sou infeliz?
Vivo uma merda de vida
Minha empresa é falida
Oh! Zé,
Diz que sou infeliz...
Já tive carros,
Tive carrinhos,
Já tive kombi,
Esses sacanas
Levaram minha grana
Quiseram que eu me arrombe!
Hoje eu sou trolha morta
Que a polícia transporta
Oh! Zé,
Diz que eu sou infeliz, sou feliz?
Eu queria um minuto apenas
Pra te contar minhas penas
Oh! Zé,
Escapei por um triz!

quarta-feira

CARINHA (Maninha)

Se lembra da ronqueira
Se lembra dos trovões
Se lembra da braguilha sem botões
A bronha no varal, a bronca nacional
E as zorras desvairadas nos porões
Se lembra da menininha que fazia amor
E que eu só faturei, oh carinha,
Depois que pai dançou.
Se lembra da mortalha,
Da troncha no capim
Do creme que você passou em mim
O gato do Adão, a coisa na minha mão
E o fumo com perfume de alecrim
Se lembra do Crispim, oh carinha,
Que o Roberto pisou?
Lembro até daquela vizinha
E do que ela me contou.
Se lembra da fatura
Que a gente recebeu
Eu era um cara duro e ainda sou
Nem quis acreditar que eu tinha que pagar
Só porque uma babaca delatou
Mas não me olhe assim, oh carinha,
Prá que desconfiar,
Se um dia eu vou embora, carinha,
E nunca vou pagar...

NADA PRESTA EM MIM (Minha Festa)

Lalaia lalala lalaia lalala lalalalalalaiala
Lalaia lalala lalaia lalala lalalalaia

Graças a deus, como sou infeliz
Quem me viu faz que não vê
nem comenta o que fiz
Contigo desaprendi a sorrir,
a organizar o pranto prá quem bebeu tanto...
Olha, amizade, nada presta em mim
e eu nem sei porque é que eu canto assim

Lalaia lalala lalaia lalala lalalalalalaiala
Lalaia lalala lalaia lalala lalalalaia

terça-feira

VAI POR MIM (Meu nome é ninguém)

Foi assim
a lâmpada queimou
a vista escureceu
um murro então se deu
e veio a porra louca travestida de ator
e depois daquele sôco então
foi tanta confusão, alguém em cima de alguém...
Eu não!!! nem vem que não tem!
nosso chão onde estrêlas berravam
de repente ficou mudo
apareceu um bigodudo...
quem sou eu?... quem é você?

E depois daquela confusão
foi tanto empurrão
fugi na contra-mão
sem querer ver ninguém
vai por mim que eu não sou ninguém

***