domingo

ENCALHES (Detalhes)

Não adianta nem querer
Me expulsar
Durante muito tempo
Em sua casa
Eu vou morar...

Uma mala tão pesada
Como a minha
É coisa muito grande
Prá carregar
Que nessa hora
O melhor mesmo é dar
um tempo aqui...

Se um outro vagabundo
Aparecer na sua rua
E isto lhe trouxer
Saudades minhas
Não fique nua...

O ronco fedorento
Da minha moto
Minhas cuecas sujas
Ou coisa assim
Vão fazer logo logo você
Lembrar de mim...

Sei que um outro pilantra
Deve estar lambendo
o seu ouvido
Passando ali o dedo
Como eu passei
Mas eu duvido!
Duvido que você vá lhe
vender a foto
Em que aparece
com tua cara de sagüim
E nessa hora você vai botar
a culpa em mim...

A noite chegando da rua
você entra no seu quarto
Prá se aliviar você procura
O meu retrato
Mas da moldura é o Kid
Quem lhe sorri
Mas você vê a minha bengala
Mesmo assim
E aí de novo você vai
Botar a culpa em mim...

Se alguém roubar
um carro na sua rua
Não diga nada
Não vá dizer
À polícia sem querer
Que é viciada...

Querendo ser a tal
Nesse momento
Você despiroca
E zoa até o fim
Vai quebrar a cara e depois botar
A culpa em mim...

Eu sei que esse papo todo
Não vai servir mesmo prá nada
Eu vou ficar aqui em tua casa
na invernada
E se me chamar de encalhe
Faça um favor
Não seja tão ruim assim
Vá na geladeira
E traz uma geladinha
Aqui prá mim...

Não adianta nem tentar
Me aborrecer
Durante muito
Muito tempo em sua casa
Eu vou viver
Não, não adianta nem querer
Me despejar
Durante muito
Muito tempo em sua casa
Eu vou morar...

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